A cordialidade entre os candidatos predominou por todo o debate |
Um debate entre possíveis candidatos à prefeitura
do Rio de Janeiro foi realizado na noite desta segunda-feira (17) no Ibmec
Barra. Estiveram presentes o deputado estadual Carlos Osório, o deputado
federal Índio da Costa e o professor Rodrigo Mozzomo. Os três fizeram uma
discussão bastante amistosa, com poucas divergências. O destaque foi à posição
radical de política à direita defendida por Mozzomo e as críticas a gestão
municipal por parte de Osório e Índio.
O debate, realizado em cinco blocos, foi organizado
pela agência experimental acadêmica do Ibmec, a Panorama, e intermediado por
professores. De início, os pré-candidatos se apresentaram a plateia que tomou
todos os 190 lugares disponíveis. Índio disse que foi autor da primeira lei da
ficha limpa (a que não foi para frente), e que se orgulhava de ter sido o
relator da lei que está em vigor. E falou da sua experiência como gestor nos
bairros do Flamengo e Copacabana, além do atual cargo. Já Rodrigo Mezzomo se apresentou como um
homem da iniciativa privada. Ele que a população carioca se acostumou a debater
o país e não pensar na cidade. Algo que necessita mudar. E que o Rio está em
guerra civil. O deputado Osório afirmou que sua vida pública começou em 2001, com
o sonho de trazer os jogos olímpicos para o Rio de Janeiro. Depois falou que em
2009 foi convidado pela atual gestão municipal para assumir uma das
secretarias, foi quando se apaixonou de fato pela vida pública. “Conheci de Santa
Cruz a Ipanema. De Campo Grande a Barra da Tijuca. Cheguei à conclusão que não
estou satisfeito com a cidade por isso me apresento como candidato, pra fazer a
cidade funcionar e dar qualidade de vida”
No segundo bloco, cada pré-candidato falou de um tema em específico. Osório
falou de
educação, onde reconheceu avanços da prefeitura no primeiro mandato, e
estagnação no segundo. De acordo com ele, é necessário valorizar os
profissionais desta área. Já Rodrigo falou sobre saúde, a qual definiu como “um
desastre” este setor ser gerido pelo estado. “A solução seria a prefeitura promover
um sistema de saúde a todos, mas que não necessitasse de operar. Eu formaria
uma grande empresa em conjunto com as empresas de saúde e deixaria que elas
cuidassem de tudo, iria apenas fiscalizar. Já Índio argumentou sobre
infraestrutura, dizendo que a cidade cresceu sem planejamento. Disse que caso
fosse prefeito iria transformar a secretaria de urbanização em planejamento, e
fazer como César Maia. “Não há fiscalização na terceirização efetiva. Naquela
época não caia ciclovia que desmoronava. Têm acontecido mortes nos BRTs. Os
últimos 10 anos para o Rio nesta área foram terríveis”.
Osório fez críticas à atual gestão |
Terceiro bloco
Neste bloco um pré-candidato escolheu outro para responder uma pergunta.
Osório perguntou a Índio se a reeleição de Eduardo Paes foi ruim para cidade,
já que de acordo com Osório ocorreu avanços no primeiro mandato, mas que segundo
foi descolado da cidade. Índio respondeu que foi ruim e falou que a atual
administração deixou a previdência em situação péssima financeiramente. “Vamos
pagar mais de 1 bilhão por ano por conta do prejuízo da prefeitura. Peguei a
secretaria com 600 milhões em caixa e deixei com 2 bilhões e meio em caixa. Até
2054 vamos pagar dívidas da Olimpíada. Osório teve a palavra novamente e
argumentou que atualmente o sentimento do servidor público municipal é de
temor, imaginando que que ele pode ser o estadual amanhã, isto é, ficar com
salário atrasado ou nem receber como ocorreu com os aposentados.
Em seguida foi a vez de Rodrigo perguntar a Índio, dizendo que o Rio tem
um domínio da
esquerda há anos. Houve planejamento demais e execução de menos
com pouquíssimas regras urbanas. Ele questionou se não deveria ser feito aqui
como Nova Iorque. Índio disse que Nova Iorque tem regras muito claras. Uma
regulação objetiva e seria. No Rio para se comprar um terreno e fazer uma casa
se leva mais de um ano por conta da burocracia. Temos que acabar com a licença
de obra e o habite-se. Isso espanta investimentos.
Rodrigo disse que Rio vive guerra civil |
Depois foi a vez de Índio fazer a pergunta, questionando a Rodrigo: o que ele faria com segurança pública na
cidade. Rodrigo voltou a dizer que a
cidade está em plena guerra civil com mais de 60 mil homicídios ao ano. E que a
prefeitura diz que isso é problema do governo estadual, o que classifica como
uma posição débil/covarde da prefeitura. “Temos uma Guarda Municipal que não
cumpre suas funções. Ela têm que ter capacidade de usar a força. Hoje o Guarda
tem a mesma utilidade de um guia turístico da Disney. A polícia não dá conta. Não
adianta secretaria de cultura se você vai ao teatro e morre”.
Como ninguém direcionou uma pergunta a Osório, ele pôde escolher um tema
e também falou sobre segurança. O deputado disse entender que é uma
irresponsabilidade ficar dizendo que o problema da segurança é do governo
estadual, que o prefeito não pode agir assim. Os Guardas hoje são quase disfuncionais,
não é foco da prefeitura. Devemos treinar e motivar o guarda. “Dar maior
eficiência do estado”.
Quarto bloco
Índio prometeu investir na Guarda |
Perguntas feitas pelas plateia e por internautas foram sorteadas e
passadas aos pré-candidatos. Índio falou do compromisso com as classes menos favorecidas. Segundo ele,
não há solução que não seja pelo crescimento econômico. “Tráfico ou milícias
que tem poder financeiro nessas áreas, por isso temos que fazer uma
concorrência com essa turma. Gerar valor e renda nas comunidades. Método de
financiamento como o “juro zero” que ocorre em Santa Catarina ou o Fundo
carioca: que dá aporte recursos e entrega o equipamento. Devemos interromper o
crescimento demográfico nessas áreas”.
Osório falou de econômica, onde de acordo com ele o Rio pode atuar na recuperação e no desenvolvimento econômico do país. “O próximo prefeito tem que atrair investimentos pro Rio. Eu terei como brigar pra trazer investimentos pra cidade. Tenho experiência e bom trânsito entre investidores”. Ainda segundo Osório deve-se cuidar da entrada dos jovens no mercado de trabalho, tanto os universitários, quanto aqueles que deixam o segundo grau. “A prefeitura do Rio é omissa nisso. Terminado os jogos olímpicos teremos 50 mil desempregados: qual o plano?”, questionou.
Sobre saúde, Rodrigo acredita que o governo não faz estudos técnicos. “A
municipalização dos hospitais estaduais irá custar 500 milhões ao ano a
prefeitura, e isso aconteceu apenas para dar vitrine ao candidato do prefeito.
Poderia trabalhar na saúde como ocorre com o DPVAT, que paga de modo privado
todas as vítimas de acidentes no Brasil há 40 anos”, explicou. No quinto
bloco, os pré-candidatos fizeram suas considerações finais e agradeceram aos
que compareceram, além dos organizadores.